Hoje peguei um cara jogando o papel de sua coxinha na calçada da Faria Lima. Por sorte, tinha um gari varrendo aquela mesma calçada, com a pá cheeeia de papéis nojentos como o da coxinha, bitucas de cigarro, caixinhas de suco (!!!) e por aí vai.
Mas, pera aí, porque o gari é obrigado a varrer tanta coisa assim? Com certeza não é porque ele pertence ao grau mais baixo da escala social. O normal seria ele ter apenas folhas na pá. Folhas das árvores de São Paulo...
...uhum.
O que acontece é que as pessoas adooooram falar mal do Kassab ou de quem for o prefeito (menos da Marta, “porque ela fez o corredor e o bilhete único”) e culpá-lo pelas enchentes dos últimos 918767689076 dias, mas se esquecem de todas as porcarias que jogam por aí. Já vi gente espremendo meio mundo dentro do ônibus só pra alcançar uma janela e jogar o papel de bala pra fora. Cadê os bolsos dessa pessoa? Não era mais fácil se espremer pra alcançar o lixo do ônibus?
Não que o lixo seja a única causa das enchentes. São Paulo é totalmente despreparada para tanta água em tanto asfalto, estamos cansados de saber. Mas dá uma olhada nas margens do Tietê ou do Pinheiros depois de um dia de chuva pra você ver se o lixo não ajuda.
Proponho uma união dos que, como eu, estão inconformados com a sujeira da cidade. Nossa abordagem precisa ser unificada, porém segmentada por público-alvo. Sempre que um porcalhão jogar sua sujeira, faremos uma rápida análise de seu perfil e agiremos da seguinte forma:
Abordagem revolucionária, para os teimosinhos
Parte 1
- Com licença, moço. Acho que você deixou cair esse papel de coxinha.
- Sim, joguei fora. Essa cidade já tá uma merda mesmo!
Parte 2
[Pega o papel e coloca dentro da camisa dele]
- O que você tá fazendo?
- Jogando lixo no lugar certo: lixo. Vê se para de ser porco pra depois não reclamar que perdeu tudo na enchente e culpar o governo pela sua falta de consciência. Porco nojento!
Abordagem pacífica, para os idosos
- Oi, senhora, tudo bem? Vi que você jogou esse papel no chão... que tal jogar naquela lixeira ali?
- Ah, minha filha, mas tá muito longe...
- Tá vendo aquela nuvem ali?
- Sim, o que tem, minha filha?
- Também está longe. Mas assim que ela começar a jorrar água, vai levar esse seu papelzinho pro Rio Pinheiros, aqui perto. Junto com todo o resto do lixo que as pessoas jogam todos os dias por aí, vai causar um lamaçal imenso nas casas das pessoas, transmitir doenças, causar trânsito, enfim, caos. Não é melhor ir até a lixeira?
Se a resposta for:
- É, você tem razão, minha filha.
[levanta e sai]
Mas, se a resposta for:
- Mas eu sou velha....
[Inicia a 2ª parte da abordagem revolucionária]
Abordagem rápida, para os apressadinhos
[Pega o papel jogado no chão]
- Oi, você deixou cair isso aqui!
[Joga o papel na bolsa/pasta do sujeito sem ele perceber o que é.]
Abordagem descolada, para os “manos”
- E aí, beleza?
- Qualé?
- Tá ligado aquele papelzinho ali? Vi que você jogou agora. Pô, cara, maneira na sujeira aí... a galera ta perdendo tudo nas enchentes, mais lixo só vai piorar a situação...
Se a resposta for:
- Tem razão, mano. Você é truta, vou jogar o papel no lugar certo.
[Levanta e sai]
Mas, se a resposta for:
- Aí, você não é minha mãe pra mandar em mim não, falou?
[Inicia a 2ª parte da abordagem revolucionária – e corre.]
Abordagem Rider, para as crianças
- Ei, menina, sua mãe não te deu educação não? Não pode jogar lixo na rua!
- ...
- Pode pegar o papel e guardar na sua mochila. Quando você vir uma lixeira ou quando chegar em casa é só jogar lá. Dentro do lixo, hein!
Se a resposta for:
- Tá bom, moça.
[Levanta e sai.]
Se a resposta for:
- Vai tomar no c*!
[Taca o Rider na bunda do mal criado. Se a mãe não tacou antes, você estará fazendo um favor pra educação desse mal criado.]
E se você não for bem-sucedido em suas abordagens, segmente mais os perfis, crie novas estratégias. O que vale é acabar com essa palhaçada.
Junte-se a esse movimento hoje mesmo! Por uma São Paulo sem papéis de coxinha.