30 de julho de 2009

A da oportunidade


"A vida é feita de oportunidades". Atire a primeira pedra quem nunca se identificou com essa frase clichê, mas tão verdadeira. Oportunidade é o que move todos os dias de nossa vida.

Quer ver como é verdade? Você provavelmente começou a andar por causa de uma oportunidade - de alcançar a chupeta que caiu no chão, de chamar a atenção de seus pais ou mesmo de fazer alguma coisa diferente em seu dia-a-dia maçante. Andar foi a oportunidade que você encontrou para mudar alguma coisa.

Foi também em busca de uma oportunidade que você foi se sentar ao lado daquela pessoa, entrou naquele grupo de Feira de Ciências ou foi viajar para aquele lugar. E, por que não, foi para ter uma nova oportunidade que você saiu correndo do seu atual trabalho para fazer uma entrevista.

Da oportunidade nasceu a América - Canadá, Estados Unidos, Brasil e todo o resto. Foi também por causa dessa palavra maldita que Hitler matou milhares de judeus e que milhares de pessoas passam fome na África.

Há pessoas que arriscam a vida por uma oportunidade, atravessando fronteiras, viajando pra lugares isolados ou lançando-se em alguma favela do Rio de Janeiro. Com 18 anos, você gastou algo em torno de R$ 100,00 para pagar taxas e mais taxas de vestibular - e, nesse caso, o investimento pode ter sido bom ou ruim, mas isso é o que menos importa.

O fato é que eu não estaria aqui sem minha oportunidade em vista, nem você sem a sua. A primeira é a tentativa de escrever algo útil, a segunda a de ler algo que lhe agrade ou desagrade (para que você tenha o que comentar). E uma coisa é certa: nenhuma oportunidade é nula, sem resultado. Se for, não é oportunidade. É perda de tempo.

27 de julho de 2009

A da feiura

Conheço um escritório aí em que existe a maior população de homens feios do estado de São Paulo. Juro por Joey Ramone. É tudo nerd caspento, catarrento e, ainda por cima, chato. Do jeito que esse blog vai, eu já espero os comentários arremessando as pedras, mas tenho que dizer: ô gentarada feia.

Agora, para deixar bem claro que eu não vivo só de aparência, posso dizer que tentei conversar com as peças, até mais de uma vez. Mas essa população nerd é tão carente, tão carente, que queria conversar até quando eu nem estava falando diretamente com ela. Resumindo: queriam se meter na conversa, achando que eu era boazinha e não ia ligar. E, além de se meterem com um ou outro comentário, queriam contar história, pedir opinião. Ah, não. Cortei relações.

Mas o que mais me intriga é que esse pessoal consegue casar. Se eu fosse solteira, com certeza estaria em depressão profunda. Porque se um caspento namora e um catarrento casa, se reproduz e constitui família, eu, que sou limpinha e assôo o nariz direitinho, teria motivo pra Prozac na certa.

Talvez seja porque a mulherada tá muito em desespero. Só pode ser. Tem muita mulher nesse país, muito homem pobre, a área de TI dá uma graninha razoável... é, deve ser. Mas gente, pensem nos filhos de vocês! Mesmo que você seja a Scarlet Johanson, as chances de nascer um tiozinho do outdoor da revista Trip são gigantescas - e por essas vocês podem ter uma ideia do tipo de feiura que estou falando.

Agora, falando sério: não tenho nada contra a classe desfavorecida de beleza. Sei que faço parte dela também. Só que usar um Clear, ir ao dermatologista, dentista etc. não faz mal a ninguém. Ah, e desodorante, né gente? Perfume, se possível. Mas desodorante é o mínimo. Cecê, já basta o que eu sinto no busão.

20 de julho de 2009

A do Dia do Amigo, do homem na Lua e outras histórias

Depois do Dia do Homem (que me pegou completamente de surpresa e não me deu tempo para fazer um post especial), hoje é dia de comemorar o Dia do Amigo. Mesmo achando essas datas comemorativas um tanto quanto banalizadas, principalmente no âmbito comercial, fiz questão de mandar um Feliz Dia do Amigo para alguns dos meus e só depois fui ver que a data tinha sido adotada primeiro na Argentina, devido à chegada do homem na Lua. Sim, eu sei que não faz sentido, mas o país da gripe suína fez alguma coisa, enfim. As empresas de cerveja é que deviam agradecer aos argentinos.

Então hoje, 20 de julho de 2009, a chegada do homem à Lua completa 40 anos. E olha, amigo, acho que nenhuma outra história rendeu tanto quanto essa. Se você for lá na sua barrinha do Google e digitar homem lua, vai achar uma infinidade de sites com a maior variedade de informações sobre esse assunto. Um deles chama bastante a atenção (é o segundo da lista, ficando atrás apenas das notícias): www.afraudedoseculo.com.br

Trata-se do site de um brasileiro que tem um livro "em processo de desenvolvimento" chamado A Fraude do Século e nos dá uma "palhinha" sobre suas constatações. O currículo do autor:

"Formado em Processamento de Dados e Administração de Empresas.
Como consultor de informática, escreve matérias de informática para vários jornais do Estado de Minas Gerais, já tendo atuado também como colaborador e revisor de um dos livros do professor Pasquale Cipro Neto."

Portanto ele é um PD-ADM-revisor do Pasquale, mano! Acho melhor não comentar mais nada a respeito da formação do rapaz.

O texto publicado no site é bem grande, por isso não vou descrevê-lo aqui, mas você pode dar uma olhada e tirar suas próprias conclusões. De tudo o que ele descreve lá, a única coisa que me deixou com a pulga atrás da orelha foi o sumiço da fita original da NASA. Eu, que tive a oportunidade de visitar a as instalações da NASA em Cabo Canaveral no início desse ano mesmo e vi com meus próprios olhos como as coisas por lá são neatly organizadas e seguras, confesso que achei essa história um pouco estranha também. O resto é coisa de soviético com dor de cotovelo.

Sobre o local onde teria ocorrido a farsa da chegada à Lua, o dono do site menciona:

"Agentes do governo dos Estados Unidos poderiam ter levado os astronautas e alguns auxiliares a um treinamento secreto no Deserto de Nevada, Estados Unidos, que, em vários locais, tem uma enorme similaridade com a aparência das fotos que teriam sido tiradas na Lua."

No mesmo mês em que fui à NASA, passei pelo tal Deserto de Nevada e posso assegurar que, fora a desolação completa, não tem nada a ver com a Lua. O solo não é arenoso como o da Lua parece ser. É duro e seco. É um catingão parecido com o que temos no Nordeste e em parte do Tocantins, com vegetação baixa e às vezes com cactos gigantescos, do tamanho de árvores. Veja mais ou menos como é

Para encerrar, deixo o meu conselho a esse rapaz do site e às outras pessoas que, em pelo século XXI, após inúmeras missões espaciais terem ocorrido com sucesso, ainda acreditam que a chegada à Lua é balela: saiam da Sibéria.

14 de julho de 2009

A do workshop

Sempre odiei autoajuda. Paulo Coelho, Quem Mexeu no Meu Queijo e derivados sempre me causaram aquela cara de limão irreparável. Por isso quando soube que ontem participaria de um workshop sobre inovação, já pensei num tiozinho gritando "Yes we can!" lá na frente, repeti a referida cara e, como não havia remédio, fui em direção ao evento, tentando ficar feliz por ter pelo menos um assunto pro blog.

Me surpreendi. O negócio foi bom! O professor era um cara da FIA, uma fundação da FEA-USP (o que contribuiu para que eu fizesse aquela cara), mas trouxe exemplos super interessantes de inovação. Claro que o cara não falou nada que já não soubéssemos. Mas, no fim, propôs uma atividade interessante chamada "brainwriting". Colocou uma questão sobre a nossa empresa, pediu 3 soluções e recolheu nossas folhas. Depois, embaralhou tudo e entregou novamente, para que completássemos ou escrevêssemos novas ideias baseadas nas ideias das outras pessoas. Repetiu isso uma vez e depois separou as pessoas em grupos, para que elegêssemos uma ideia e explicássemos porque ela era boa, porque nunca colocamos em prática antes, etc.

O resultado final foi muito bom, porque as pessoas não se sentiram intimidadas e falaram tudo o que pensam (alguns até demais), propondo soluções bastante inteligentes. E eu, que cheguei na empresa há pouco mais de um mês, já tive uma ideia durante o workshop e saí confiante de que posso trabalhá-la para que ela dê certo - leia-se: seja premiada.

Enfim, foi um ótimo exemplo de que vale a pena investir em coisas como essa numa empresa. Apesar do meu preconceito, tenho que admitir que se o negócio for bem conduzido pode dar bons resultados. Só não me venham com papinho de O Alquimista - persiga seus sonhos; a solução sempre está ao seu lado, basta ver; blablabla.

Depois eu fiquei pensando quanto o cara vai ganhar pelos 3 dias que ficará aqui dando esse workshop. 10 mil? 15 mil? Eu tenho que começar a investir nessas coisas, minha gente! Vou fazer um mestrado qualquer e depois dar workshops sobre redação empresarial, acordo ortográfico e cia. Que academia que nada, bom mesmo é o dinheiro no bolso.

[Ráááááá!]

13 de julho de 2009

A do nada

Fui procurar alguma coisa sobre a qual eu pudesse escrever aqui. Pensei nos lugares que fui no feriado e só lembrei do diálogo que presenciei no escuro do cinema:

- João, cadê você?
- Aqui!
- Aqui onde?
- Aquiiii!
- Mas cadê?
- Tô aquiiii!

Achei que faltava recheio - além de ser extremamente sem graça e pastelão - por isso logo abandonei a ideia.

Lembrei então do casal brigando na terça passada, no Outs:

Ele: - Vou no banheiro.
Ela: - Vai nada, vai ficar aqui. Vê se se comporta.
Ele: - Mas eu quero fazer xixi!
Ela: - Quer nada, você quer é arranjar confusão! Fica aqui. E nunca mais me traz em show de Ramones!!

Também cheguei à conclusão de que seria, mais uma vez, muito pouco para uma crônica. (Além de tocar em um acontecimento que já foi bem aclamado e enxovalhado aqui.)

É claro que assunto nunca falta. Michael Jackson, Sarney, morte da trava que o Ronaldo pegou, tudo está aí para ser abordado e detalhado das mais diversas maneiras. Mas eu não encontrei nada que pudesse realmente ser assunto de uma boa crônica, seja ela engraçada ou estilo "tapa na cara"- que toca e assusta.

Lembrei da palavra que abre o Grande Sertão: Veredas: "Nonada". De todo o livro, esse é o neologismo que mais gosto. Nonada. É mais que nada, muito menos que tudo. É vazio. É nonada. E eu estava totalmente nonada de ideias para um texto.

Comecei a pensar no nada. Nada é tão difícil de definir... É sem definição e ao mesmo tempo a negação de todas as definições do mundo. Como uma mãe explicaria a uma criança o que é nada? Acho que já nascemos sabendo o que é. Nonada a gente só aprende depois de ler Guimarães Rosa. Mas nada deve estar lá na nossa cabeça desde sempre.

Aliás, tanto está na nossa cabeça sempre que, vira e mexe, o nada volta a nos atormentar. Nessas horas parece que ele quer atenção, quer ser o assunto. E consegue, enfim.

Não reclamo. Ao contrário, agradeço ao nada por encher este blog do mais puro niilismo.

8 de julho de 2009

A do show do CJ Ramone

Ontem eu fui no Outs para ver um show do CJ Ramone (segundo baixista dos Ramones e pra mim o melhor). Já tinha muito tempo que queria ver um show dele. Ele veio outras vezes ao Brasil com suas outras bandas, mas eu não tinha idade e/ou dinheiro suficiente pra ir aos shows. Então ontem era um momento especial, porque quem tem de 18 a 25 anos e é fã louco de Ramones como eu não teve a oportunidade de ver a banda toda quando eles vieram ao Brasil pela última vez em 1996.

Como era de se esperar de um show de um Ramone, o local era pura euforia. Devia ter umas 1.000 pessoas numa casa que suporta umas 500, ou seja, cada pessoa tinha em média 70 cm² para ocupar - uma verdadeira falta de respeito tanto com o público como com o CJ. Pessoas pequenas como eu seriam certamente esmagadas no início do show se não fossem os namorados-guarda-costas. E, para ferrar de vez, o CJ abriu com Blizkrieg Bop, a única música que até quem nunca ouviu falar de Ramones conhece (chamada por esses de "Hey Ho Let's Go").

O empurra-empurra foi um terror. Sobrou cotovelada e pisão pra todo mundo que tava nas primeiras 10 fileiras. E, nessas horas super-propícias, sempre tem um garoto legal, um garoto bacana, que resolve puxar o V3 do bolso, ligar pro amigo tiozão que ficou em casa vendo Casseta e Planeta e falar: "Meu, você não sabe o eu to ouvindo agora, meu! O CJ Ramooone, meu!!", apontando o celular pro palco pro tiozão ouvir a música. Esse aí levou bem uns 10 socos nas costas.

Apesar disso, o show foi excelente. Um dos melhores que já vi, desconsiderando a hiperlotação do lugar. O CJ está super em forma, cantando e tocando bem como sempre. Daniel Rey mandou muito bem na guitarra. O ponto alto do show, pelo menos pra mim, foi a Poison Heart, uma das minhas músicas preferidas e que foi muito bem tocada pela banda. A galera cantou a música toda na maior empolgação e eu, que já tava anestesiada de tanta cotovelada que levei, deixei de ligar pro empurra-empurra.

Mais ao final, apareceu o Supla pra cantar Pet Sematery. O cara leva a música da Joan Jett bem a sério: não tá nem aí pra má-reputação. Chegou escoltado pelos seguranças pouco antes do show do CJ começar em meio a gritos de "Supla filho do putaaa!" (o que se encaixa sempre muito bem) e foi pro backstage com sua cabeleira loura a la Ana Maria Braga levou choque de 10.000 wats. Cantou mal e com um sotaque que dava vergonha:"Ai john uanth to livi mai laif agee-eein". Assim que acabou a música, o pessoal do fundo começou a agitar um "Ei, Supla, vai tomar no cu!" e o negócio pegou. Repetiram até o cara sair do palco e o CJ começar outra música, para o alívio de todos. Foi a parte mais divertida do show.

Quando acabou, por volta das 23h30, já estávamos do lado da porta e saímos em disparada antes que o resto da manada nos atropelasse. É claro que eu queria ir lá tietar o CJ, mas pelo tamanho do segurança do lado do palco, seria impossível. Tive que me conformar com algumas fotos tremidas que tirei dele. Ele encerrou com um "See you next year", o que é definitivamente uma boa notícia pra todos os fãs de Ramones. Só vamos esperar que da próxima vez os produtores tenham aprendido a lição e façam em uma casa maior, num sábado e com Sluggs abrindo.

6 de julho de 2009

A do cabeleireiro

Dia desses me submeti a um procedimento chatíssimo no cabeleireiro e - que maravilha - esqueci de levar um livro. Depois de o cabeleireiro insistir várias vezes, acabei aceitando "uma revista", rezando para que fosse pelo menos uma Veja (pra vocês verem até que ponto eu cheguei). Veio uma QUEM - uma não, duas - e eu ainda tinha umas 2 horas pra me divertir com elas. Resolvi folhear leeentamente.

Comecei a dar risada com as fotos e suas respectivas legendas:

- Claudia Gimenez toma caipirinha.
Foto da mulher feliz e contente com o copo na mão.

- Bruno Gagliasso e sua inseparável boina.
Foto do cara com sua boina.

- Fernanda Lima passeia com os gêmeos.
Foto da mulher com seus filhos na praia.

E tudo seguia mais ou menos dessa forma: foto besta, legenda idiota. É claro que os artistas não têm culpa nenhuma, estão ali levando suas vidinhas como eu e vocês (só que com mais dinheiro). Mas e daí que a Claudia Gimezes toma caipirinha, que o Bruno Gagliasso usa boina e a Fernanda Lima passeia com os filhos? O que tem de interessante nisso tudo?

O melhor mesmo veio na entrevista com o tremendão. Erasmo Carlos dizia que ainda é namorador, que tinha um quarto de motel dentro de casa, que nunca tomou viagra mas que tomaria se necessário, que fazia surubas quando estava na Jovem Guarda, entre outras preciosidades. Ah sim, a entrevista tinha o pretexto de falar sobre o novo disco dele, que está mais "roqueiro".

Em uma parte da entrevista a repórter perguntou se ele era machista. Ele respondeu que a geração dele foi criada assim, que homem tinha que ser macho, não podia chorar, etc. Fiquei pensando quantos "tremendões" ainda temos por aí, quantos homens de 45 a 50 anos não são machistas com essa mesma desculpa: "isso vem criação". É verdade que cada um é do jeito que foi criado? Ou a pessoa é criada de um jeito e "aceita", digamos assim, aquilo que mais acha correto? A criação de toda uma geração é pretexto para machismo? A geração atual ainda é criada como o Erasmo Carlos?

Enquanto as perguntas pairavam sobre minha cabeça, o cabeleireiro me chamava para lavar o cabelo. Fechei a revista e fui, esperando que a lavagem fosse a mais profunda possível e que eu esquecesse de tudo o que li naquelas 2 horas.