E nem tive tempo de dizer tchau.
Vasculho os álbuns atrás de fotografias. Onde estão as fotos? Não as tenho. Só as velhas imagens de uma infância tão vibrante, e em muito graças a ele. Fotos recentes não há porque há tempos ele andava triste, cabisbaixo... me perguntava se ele não gostava mais de mim. Talvez porque eu cresci, não sei. Ele tinha passado por muita coisa, tinha direito de estar infeliz e querer ir embora. Mas queria ao menos ter tido um pouco mais de tempo, queria que ele estivesse presente em minhas conquistas. Seria querer demais?
Ele pode não ter sido o pai ou o marido mais perfeito do mundo (é bom sermos justos). Mamãe se queixava de sua severidade, vovó brigava o tempo todo. Mas como avô, ah... do que reclamar? Quando criança, minhas amigas gostavam mais dele do que de seus próprios avós. Também, pudera: que avô traria tantos doces, faria tantas brincadeiras, divertiria tanto? Eu morria de ciúmes... Tive tanta sorte! Mas queria ter tido só um pouco mais. Seria muito pedir só mais alguns anos?
Um ano. Passou depressa. Ficou o arrependimento de ter dito pouco. De não dizer o quão importante ele era, o quanto o amava, o quão feliz fui e o quão grata sou por tudo o que ele fez. Ele sabia? Espero que sim. É que sempre foi muito mais fácil escrever do que falar.
Por isso deixo registrado: tenho saudade, vôzinho. Não precisava ter sido assim. Mas agradeço por tudo e tento me conformar pensando que foi melhor. E a cada novidade, penso: ele estaria feliz por mim. E é assim que espero que ele esteja: feliz, tranquilo... respirando o ar do campo.
Um comentário:
Muito emocionante. Muito. Faço das suas palavras as minhas
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