Conhece aquele site, o Vida de Merda? Eu passo horas lendo e dando risada, todos os dias, do povo coitado que coloca suas histórias lá. Mas parece que Deus me castigou e transformou a minha vida em uma merda.
Tudo começou com a volta às aulas. Enfiei todo o material necessário em minha bolsa gigante (caderno, estojo, netbook pra fazer hora na biblioteca da FFLCH e o resto das coisas de sempre – marmitão, nécessaires, carteira, escova de cabelo, óculos escuros, etc, etc...). Ou seja: a pobre bolsa ficou gordona e a pobre de mim ficou com as costas doendo porque pegou dois [micro]ônibus lotados sem nenhuma alma abençoada pra segurar a bolsa, só porque o tamanho dela era assustador.
Tive um dia normal no trabalho, saindo às 17h em ponto porque não sabia exatamente onde pegar o ônibus pra ir até a USP. Acabei pegando sem grandes dificuldades, porque ele sai exatamente do terminal da Lapa. Fui sentada, mas passando mal por causa do calor e das poucas horas de sono na noite anterior (minha pressão devia estar baixa e eu estava com dor de cabeça. Mas não, não era gripe suína, pode continuar lendo o texto sem risco de contaminação). O trânsito estava ruim nas imediações da Marginal Pinheiros e Rua Alvarenga mas, vá lá, eu prometi ser boa aluna esse semestre, resisti à tentação de descer e pegar outro ônibus pra casa.
Cheguei na FFLCH às 18h e, pasmem, já tinha muita gente por lá. Fui até a lanchonete, comprei uns trequinhos, os engoli e fui pra biblioteca gastar o que o ICMS de vocês pagou em forma de banda larga. Fiquei lá à toa até as 19h15, porque a aula começava às 19h30. Fui até a sala marcada calmamente e avistei de longe um papel grudado na porta. Mas sou meio cega, tive que chegar mais perto pra conseguir ler:
“A professora Maria Clara Paixão não dará aula hoje, 17/08, por motivo de doença. Favor pegar o programa na secretaria do DLCV e fazer sua inscrição no Moodle.”
“Qual é mesmo o nome da minha professora de Filologia? Maria Clara? Gente, é Maria Clara!!”
Pra resumir a tragédia:
• Eu tinha feito todo o sacrifício do mundo, carregado praticamente o mundo nas costas o dia inteiro;
• Passado mal dentro de um ônibus baforento;
• Pegado trânsito;
• Atravessado toda a porcaria do gramado “marijuanento” da FFLCH;
• Comido aquele salgado sem sal na lanchonete...
...pra absolutamente nada.
Que a professora estava doente pra mim estava claro. Eu só não entendi como alguém que conhece o Moodle não conhece E-MAIL! Eu ainda tinha fé que o tal e-mail acadêmico serviria pra alguma coisa algum dia.
Meio desolada, fui até a secretaria do DLCV pegar o programa, enquanto decidia se ficava ou não até as 21h para ter minha segunda aula. “Ah, the hell com a segunda aula, vou pra casa mesmo.” Chegando na secretaria, falei com a... secretária?
- Oi, o programa da Maria Clara...
[Ainda tava tentando me acostumar com aquele nome, me matriculei com ela há um século, quando ainda havia greve e a gripe suína era meramente estrangeira.]
- Ah sim, tá aqui. Não se esquece de matricular no tal do Moo... Moodle.
[Ironia do destino: viro designer instrucional e perco uma aula pelo Moodle.]
- Tá bom. Ela vai ficar sem dar aula um tempo?
[Já tava cogitando a possibilidade de ficar sem ir pra USP nas outras segundas-feiras. Vai que ela tinha pego a gripe...]
- Não, segunda que vem ela já está aqui!
- Ah.
[Cara de decepção]
Resolvi ligar pra casa e ver se alguma alma familiar caridosa podia ir me buscar. Eu moro perto da USP, mas aquilo lá é um buraco. Preciso pegar dois ônibus pra chegar em casa e o segundo é o inferno com 4 rodas. Só consegui falar com o meu pai:
- Ah, eu tô aqui esperando sua mãe, ela está em reunião, não sei que horas vai sair.
- Oba! Vou pra casa de ônibus!
- Me liga quando estiver chegando, a gente pega você no caminho.
- Tá.
Sorte que os ônibus da USP, naquele horário, não são tão cheios, e que o primeiro passou rápido. Sorte também que eu consegui, inexplicavelmente, por causa de um buraco de minhoca, talvez, pegar o segundo ônibus menos cheio. Mesmo assim, demorei meia hora pra percorrer uns 6km. É o milagre do transporte público de São Paulo.
Pra resumir a tragédia II:
• Cheguei em casa às 20h, quando poderia ter chegado às 18h se não tivesse ido completamente à toa pra FFhellCH;
• Comi porcaria quando poderia ter comido comidinha caseira vegetariana;
• Estava com a cabeça estourando e ainda tinha um sapato pra trocar no shopping e um presente de no máximo 100 reais pra comprar mim mesma (acreditem, isso não é tarefa fácil).
Fui cumprir essas duas tarefas certa de que nada mais podia dar errado. E não deu mesmo, encontrei um sapato igual com meu número e uma mochila boazinha pra substituir a bolsa gorda. Era mais cara, mas a essa altura eu gastaria meu salário inteiro pra resolver isso.
Enfim, cheguei em casa feliz por pelo menos uma coisa não ter afundado naquele dia de trevas. Mal sabia o que me aguardava no dia seguinte...
3 comentários:
FÊEEEEEE!!!!!
Eu sei que vc agora me odeia por ter twittado duas vezes isso, mas eu te amo!!! Caralho, nunca ri tanto num post de blog como eu ri com o seu!!! Hahahahhaha... "rir da desgraça alheia", sorry about that!!! Mas é que já aconteceu isso comigo, mas eu tava sem guarda-chuva, ensopada e menstruada, e não ia ter aula do Gabriel... pois é!! Hahahhahahaha.. Murphy sucks!!!
Bjaoo
Eu te adoro!!
Eu te adoro!!
Vc é chorona!!! =P
Gata, você precisa se benzer! Só pode! Recomendo que você procure a Tenda de Madre Maddyrain de Cu-que-Tal no Viaduto do Chá!
Um beijo,
Roxxana Veludo!
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