30 de junho de 2009

A do CQC na USP

Foi ao ar ontem, no CQC, uma matéria feita pelo Danilo Gentili sobre a greve na USP. Quem quiser pode assisti-la aqui:



Normalmente eu gosto das matérias do CQC. De verdade. Mas essa foi uma das reportagens sobre greve na USP mais ridículas que vi nesses últimos 56 dias, superando até as do SPTV*. Sintetizar em 6 minutos a divisão entre greve e anti-greve que existe (e sempre existiu) na USP é tarefa complicada, é verdade. Mas o Danilo e sua produção sequer se esforçaram.

*Não se preocupe, Datena, o 1º lugar ainda é seu.

Primeiro, expuseram um estudante agredido ao ridículo. Como o próprio estudante menciona, existem mesmo vídeos que mostram agressões de grevistas contra anti-grevistas, assim como existem vídeos da PM agredindo os grevistas também. Não dá para fazer piada em cima de agressão, sinto muito.

Segundo: quem foi que disse que quem é a favor da greve é estudante de Humanas? Fazer o cara do IME dizer que FFLCH, ECA, FE e cia. são a favor da greve só amplia ainda mais o racha que existe na USP entre Humanas e Exatas e generaliza completamente uma realidade que nunca foi essa. A FFLCH, por exemplo, em sua maioria, não apóia as greves. Simplesmente não se mobiliza contra elas. E, se parte daqueles que são contra as greves decide participar das assembleias, são obrigados a aguentar horas e horas de blablabla até que se chegue finalmente a uma votação - que é refeita na semana seguinte e na seguinte, até que grevistas vençam pelo cansaço.

O que nos leva ao terceiro fato: os flash mobs que surgiram esse ano na USP, chamados de "greve da greve", são de fato movimentos bem mal organizados e vazios do ponto de vista argumentativo, mas ao menos existem. Em 2007 milhares de alunos contra a invazão medonha da reitoria nada fizeram, pelo menos esses alunos resolveram fazer algo esse ano. Ainda que algo no estilo Malhação, já é um começo. Quem sabe em 2011 esse pessoal não faz um manifesto ou algo parecido, não combina todo um discurso e faz faixas maiorzinhas para aparecer bem na mídia, não é mesmo?

Ao final, quando Rafinha Bastos e Professor Tibúrcio comentam a matéria, disseram não entender o fato de estudante fazer greve. Afinal, de que lado eles ficaram? Primeiro quem é contra greves é feito de bobo, depois quem é a favor é retardado. Parece que quem trabalha no CQC também não entende muito de lógica.

É realmente triste que formadores de opinião tentem ridicularizar cada vez mais a já ridícula situação da USP. E é triste também ver que tudo sempre começa do mesmo jeito: "A universidade mais importante do país..."Sim, a USP é a mais importante, aquela com maior número de funcionários, docentes, cursos, prédios, partidos políticos e sindicalistas que se organizam em seus meses de reajuste em prol de míseros 6,5% de reajuste salarial. Isso não vai mudar. Mas parece que todo mundo, principalmente a reitora, quer ver o circo pegar fogo. Taca a PM lá, a Globo, a Band, a Rede TV... vai, entra todo mundo e faz a matéria que quiser, mostra que estudante da USP é tudo babaca mesmo, que não paga e não quer ter aula, que quem quer ter aula é nerd imbecil, vai... No final a gente dá risada, faz uma assembleia e decide voltar ao normal como se nada tivesse acontecido.

Um comentário:

Juventude Libertária disse...

Pode Chorar,

Não importa se é um programa jornalístico ou humorístico. A posição ideológica nunca fica de fora.

No caso, a direção do CQC resolveu aloprar os reaças.

Pode chorar.