24 de junho de 2009

A do ônibus


Uma manhã qualquer, eu lá esperando meu busão Sto. Amaro que passa sempre, pontualmente, às 7h10. Deu 7h15 e nada. 7h20, idem. 7h25 e o ponto lotado - nem sinal do maldito. 7h30 ele vem cambaleando, com aquele balançar de bêbado depois da vigézima pinga e... adivinhem só! Isso mesmo: cheio. Lotado. Vazando.

Gente pendurada em tudo que era janela, aquele cheirinho agradável de trabalhadores da Zona Sul e uma baixinha salta na minha frente. [Ok, eu não sou a pessoa mais alta do mundo, mas ela batia no meu ombro, então eu posso chamá-la de baixinha sim.] Ela era daquelas atarracadinhas - 1,40 m e 70 kg - de coque preso com aquela presilha de laço preto breguííííssima e saião até o joelho. Pode reparar, todo ônibus lotado tem uma dessas. E eu fui a bola da vez. Quase literalmente, porque a mulher resolveu me chutar pra passar e entrar no ônibus antes de mim. Era aquelas horas em que você pensa: vai, tanto faz, já tô atrasada mesmo...

Porém, além de empurrar, ela também resmungava.

- Preciso passar e não dá. Inferno. Demorou pra vir e agora vem assim...

Ah, qualé! O Butantã-USP às 18h30h na esquina da Faria Lima com a Rebouças é cem, mil vezes pior! Eu acho engraçado como nessas horas as pessoas acham que vai adiantar alguma coisa ter pressa. Nem mosquito da dengue cabia ali naquele ônibus, quanto mais a Michelin versão evangélica.

- Aqui já deu, Seu Antônio! - berrou a cobradora lá do fundo. Fundo? Sim, quando você tá do lado daquele adesivo que diz "Não apóie nem suba no capô", com umas 50 pessoas na sua frente, a cobradora parece estar reeealmente no fundo.

E aí parou de entrar gente. Pelo menos por aluguns pontos. Logo passou o Shopping Butantã, saíram uns 10, entraram uns 20 e assim foi seguindo. Eu consegui me arranjar em algum cantinho espremida, uma alma santa segurou gentilmente minha bolsa (que a essa altura já era quase uma sacola do Carrefour) e a mini Michelin se foi em paz.

Quando sosseguei meus nervos, olhei pela janela e estava lá, brilhando de tão vazio. Sim, era outro Sto. Amaro, que tinha passado logo depois do que eu estava.

Claro que eu fiquei à beira de um ataque mas, depois de todo o sufoco, o que mais eu podia fazer? Já estava perto do shopping Morumbi, logo os vendedores de lojas e operadores de telemarketing da Vivo, que fica logo em frente, iam descer em massa e o ônibus ficaria brilhante como o outro, livre pra chegar na Alexandre Dumas e ahazzar. Por isso, segui a máxima da nossa querida amiga Marta Suplicy, aproveitei que a alma santa estava descendo e me cedendo seu lugar e sentei por alguns pontos. Afinal, o dia só estava começando.

Um comentário:

brunam2 disse...

É o tal do Murphy invadindo o transporte público. Se você espera pra dedéu e pega um ônibus ou metrô lotado, pode ter certeza que vem um vaziozinho logo atrás. Potato!
Adorei a Michelin e sim, ela está em todos os lugares!!! hahahaha
Como se fosse adiantar empurrar! Eu já briguei com uma senhora que queria ficar na minha frente sendo que já estávamos chegando no ponto final. "Vai fazer alguma diferença a senhora ficar aí ou aqui?". Poupe-me! rs
bjinhos