Fui procurar alguma coisa sobre a qual eu pudesse escrever aqui. Pensei nos lugares que fui no feriado e só lembrei do diálogo que presenciei no escuro do cinema:
- João, cadê você?
- Aqui!
- Aqui onde?
- Aquiiii!
- Mas cadê?
- Tô aquiiii!
Achei que faltava recheio - além de ser extremamente sem graça e pastelão - por isso logo abandonei a ideia.
Lembrei então do casal brigando na terça passada, no Outs:
Ele: - Vou no banheiro.
Ela: - Vai nada, vai ficar aqui. Vê se se comporta.
Ele: - Mas eu quero fazer xixi!
Ela: - Quer nada, você quer é arranjar confusão! Fica aqui. E nunca mais me traz em show de Ramones!!
Também cheguei à conclusão de que seria, mais uma vez, muito pouco para uma crônica. (Além de tocar em um acontecimento que já foi bem aclamado e enxovalhado aqui.)
É claro que assunto nunca falta. Michael Jackson, Sarney, morte da trava que o Ronaldo pegou, tudo está aí para ser abordado e detalhado das mais diversas maneiras. Mas eu não encontrei nada que pudesse realmente ser assunto de uma boa crônica, seja ela engraçada ou estilo "tapa na cara"- que toca e assusta.
Lembrei da palavra que abre o Grande Sertão: Veredas: "Nonada". De todo o livro, esse é o neologismo que mais gosto. Nonada. É mais que nada, muito menos que tudo. É vazio. É nonada. E eu estava totalmente nonada de ideias para um texto.
Comecei a pensar no nada. Nada é tão difícil de definir... É sem definição e ao mesmo tempo a negação de todas as definições do mundo. Como uma mãe explicaria a uma criança o que é nada? Acho que já nascemos sabendo o que é. Nonada a gente só aprende depois de ler Guimarães Rosa. Mas nada deve estar lá na nossa cabeça desde sempre.
Aliás, tanto está na nossa cabeça sempre que, vira e mexe, o nada volta a nos atormentar. Nessas horas parece que ele quer atenção, quer ser o assunto. E consegue, enfim.
Não reclamo. Ao contrário, agradeço ao nada por encher este blog do mais puro niilismo.
2 comentários:
Xente!!! A Goretti morreu!? Goretti é a trava que o Ronaldinho pegou! Aliás, ela me falou que a neca dele é muito boa, mas enfim... precisa ter coragem pra encarar aquele homem!
Meu comentário sobre Guimarães Rosas: nonada. Odéion...
Um beijo, queridjinha
Maddyrain
Porra, Guimarães???
Para ser popular tem que citar coisas com mais requinte, como Paulo Coelho ou alguma auto-ajuda!
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